PRESSÃO, SURPRESA E UM CARRASCO: TIMÃO E VERDÃO FICAM NO EMPATE
Corinthians começa melhor, perde
chance de matar o jogo; Palmeiras vira, mas vê talismã alvinegro Romarinho
determinar igualdade: 2 a 2
O único dérbi
garantido de 2013 terminou empatado. O Corinthians começou bem, abriu o placar,
viu o Palmeiras virar, e contou com o carrasco Romarinho para decretar o 2 a 2
na tarde deste domingo, no Pacaembu. O duelo válido pela oitava rodada do
Campeonato Paulista teve o resultado mais justo. Dois times tão diferentes, mas
que mostraram disposição idêntica em vários momentos do jogo.
Os
primeiros 25 minutos e os 20 finais foram do Timão, que abriu o placar com
Emerson Sheik e teve duas bolas na trave que poderiam ter matado o jogo logo no
começo. Isso se o Palmeiras não fosse o Palmeiras. Com um time limitado, mas
lutando como o gigante que é, o Verdão conseguiu a virada com Vilson e
Vinícius, sempre de cabeça, sempre na raça. Entre os dois períodos de domínio
corintiano, o Palmeiras mostrou totais condições de vencer o maior rival.
Romarinho foi
o fator decisivo para o empate, com um belíssimo gol na metade do segundo
tempo. O carrasco alviverde fez seu quarto gol em três jogos diante do maior
rival do Corinthians. O resultado levou as duas equipes aos 13 pontos, na briga
pelas primeiras posições do Paulistão.
O
Timão volta a campo na próxima quarta-feira, quando estreia na Libertadores
diante do San José, da Bolívia, às 22h (horário de Brasília). Pelo Paulistão, o
compromisso é contra o Bragantino, domingo que vem, às 16h. No mesmo dia e
horário, o Palmeiras pega o União Barbarense.
Sheik desencanta, Verdão não se
entrega
Há
jogadores que ficam mais ligados em jogos grandes. Emerson era o único dos
atacantes corintianos que não havia marcado na temporada. No banco, a sombra
enorme de Alexandre Pato, há semanas à espera de uma oportunidade. O Sheik
precisava mostrar serviço. Mas, com histórico de provocações sobre o Palmeiras,
sofreu no início do clássico.
Logo de cara,
uma falta dura de Patrick Vieira anunciava que o atacante iria pagar pela
língua afiada. Ruim para Emerson, bom para o Timão. Enquanto o jogador atraía a
marcação, o Alvinegro tomava conta do jogo. Mais organizado, mais técnico, mais
inteiro. Jorge Henrique deu o cartão de visitas com uma bomba no travessão logo
aos oito minutos. Ele apareceu sozinho na área para finalizar e denunciou a
marcação falha do sistema defensivo alviverde. Depois, Fernando Prass teve de
trabalhar em novo chute de Sheik.
Raça
não faltou aos comandados de Gilson Kleina. O que faltou foi acertar passes,
chutes, marcar direito. Wesley que o diga. O meia foi o mais voluntarioso, teve
a bola e chamou o jogo, enquanto Patrick Vieira, Souza e Vinícius foram
tímidos. Tudo piorou quando o insistente ataque corintiano funcionou. Aos 17,
Paulo André desviou um cruzamento de cabeça e deixou Emerson Sheik livre para
marcar. Emocionado, o atacante respondeu às pancadas na bola e comemorou seu
primeiro gol em 2013: 1 a 0 Timão. Na comemoração, ele fez o gesto de embalar
um bebê. No intervalo, garantiu que não será pai:
-
Calma, gente! O bebê não é meu. É de um amigo que descobiu hoje que vai ser
pai...
A
equipe de Tite poderia ter matado o confronto nos primeiros 30 minutos.
Guerrero quase fez o segundo após falha de Fernando Prass – acertou a trave. Os
alvinegros criavam, e a torcida não perdoava o rival. Gritos de “Segunda
Divisão” ecoaram em quase todos os setores do Pacaembu. Só que o Timão não
matou o Palmeiras, e pagou por isso.
Aos
poucos, o Verdão se soltou. Patrick Vieira passou a ameaçar Cássio. A defesa
corintiana parecia distraída; a linha de impedimento, idem. Na base da
velocidade, o time de Gilson Kleina cresceu e aproveitou as falhas rivais. Aos
29, o cruzamento de Wesley pegou todo mundo desprevenido, menos Vilson: de
cabeça, decidido, o reforço alviverde empatou o dérbi.
Apesar
de todo o respeito pregado durante a semana, o Corinthians não esperava uma
resposta desse tipo por parte do Palmeiras. Com os pés – e a bola – no chão, os
alviverdes criaram as melhores chances a partir da metade do jogo. Cássio
voltou neste domingo ao gol do Timão. E teve muito trabalho: defendeu um chute
de Márcio Araújo, viu Patrick Vieira fazer um gol, anulado por impedimento, e
fez outra grande defesa em arremate de Weldinho. Favorito no clássico, o Timão
agradeceu o fim do primeiro tempo.
Verdão vira, mas carrasco salva
Timão
O
Palmeiras começou o segundo tempo como se estivesse em uma final de campeonato.
O Corinthians parecia jogar uma partida como qualquer outra. Só que o dérbi não
é qualquer partida, e por isso o Verdão levou vantagem. O time de Gilson Kleina
foi grande, como o Palmeiras deve ser. Com disposição, dividindo todos os
lances e marcando forte, a virada veio logo aos sete minutos: Wesley cobrou
falta da direita, Cássio falhou, e Vinícius apareceu como um raio para
cabecear. A provocação mudou de lado, e o atacante fez até dancinha diante do
tobogã cheio de corintianos: 2 a 1.
A
apatia do Corinthians impressionou. Nem o gol do rival foi capaz de acender
jogadores como Danilo e Guerrero, mais do que acostumados a grandes clássicos.
Paulinho, então, nem se fala. Displicente, o volante foi engolido por um bravo
Márcio Araújo, que não desgrudou do corintiano em momento algum.
Tite
tentou livrar seu time das amarras feitas por Gilson Kleina. A apostou foi na
mística em vez da qualidade. O carrasco alviverde Romarinho entrou, e Pato
continuou no banco. O talismã conseguiu levar a campo a disposição que faltava
aos alvinegros. No primeiro chute, Fernando Prass fez defesa à queima-roupa.
Renato Augusto, outro que saiu do banco de reservas, quase fez um golaço de
fora da área.
Pato
também entrou, e aí o jogo começou a tomar contornos mais alvinegros. Em
lançamento longo de Cássio, o baladado atacante mostrou rara categoria no
domínio perfeito da bola e rolou para Paulinho. Ao ver Romarinho sozinho, o
volante não teve dúvidas. Tocou a bola e viu o atacante bater com estilo, sem
chances para Prass: 2 a 2. Quarto gol de Romarinho em três jogos contra o
Verdão.
O
empate já estava bom demais para o ferido Palmeiras, que tentou surpreender nos
contra-ataques. Para o Timão, vencer passou a ser questão de honra. Toda a
apatia dos primeiros 60, 65 minutos foi convertida na garra usual. Nenhum dos
dois times mereceu perder. Por isso, os mais de 34 mil pagantes que foram ao
Pacaembu viram um justo empate.
Por : Diego
Ribeiro e Gustavo Serbonchini
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